Subiu para 66 o número de mortos no desastre em Petrópolis, na região serrana do Rio de Janeiro. A cidade foi atingida por um forte temporal, que causou deslizamento de encostas e deixou bairros inteiros submersos durante a tarde e a noite desta terça-feira (15).
Segundo o Corpo de Bombeiros, ao menos 370 pessoas foram acolhidas em abrigos improvisados e ainda não há um número mensurável de desaparecidos. Os socorristas admitem que podem haver milhares de pessoas soterradas nos mais de 80 pontos de deslizamentos na cidade.
A prefeitura de Petrópolis decretou estado de calamidade pública e de crise. Equipes de hospitais foram reforçadas para atender as vítimas feridas da tempestade. Quem tiver procurando por parentes, deve se encaminhar para a delegacia registrar a ocorrência.
A Defesa Civil do Rio de Janeiro informou ainda que há previsão de mais chuva no município. Em caso de emergência, o telefone 199 está disponível.
LAMA POR TODOS OS LADOS
A cena de devastação já era observada logo cedo nesta quarta-feira. Muitos locais atingidos são de difícil acesso, e zonas inteiras desapareceram sob os escombros. Era até difícil diferenciar onde estavam as casas destruídas.
Morros vieram abaixo arrastando pedras do tamanho de automóveis. A força da água fez com que veículos ficassem empilhados e bloqueassem avenidas, dificultando o acesso às vítimas.

O Alto da Serra foi uma das regiões mais afetadas. Só nessa localidade, a prefeitura estima que pelo menos 80 imóveis foram destruídos pela barreira que desabou no Morro da Oficina. Um vídeo registrado por uma influencer mostra o momento da queda.
Outras regiões como o 24 de Maio, Caxambu, Sargento Boening, Moinho Preto, Vila Felipe, Vila Militar e as ruas Uruguai, Washington Luiz e Coronel Veiga também foram atingidas.
CENÁRIO DE GUERRA
O governador do Rio de Janeiro, Cláudio Castro, cancelou a agenda desta quarta-feira e seguiu para Petrópolis.
Ele declarou que a situação é quase um cenário de guerra, e que nunca viu algo nessa proporção:
— Muita lama, carros pendurado em poste, carro de cabeça pra baixo. A situação é quase que de uma guerra – disse.

De acordo com Castro, o ministro Rogério Marinho, do Desenvolvimento Regional, irá à cidade na próxima sexta-feira (18). Recursos do Governo Federal também foram anunciados para auxiliar a cidade.
O presidente Jair Bolsonaro também fará um sobrevoo na região na sexta-feira, quando retorna da Rússia. Bolsonaro está em Moscou, onde se encontra com o presidente Vladimir Putin, e deve vir direto da Europa para o Rio de Janeiro acompanhar a situação.
SIRENES
Sirenes instaladas na cidade após o desastre na região serrana em 2011, quando mais de 900 pessoas morreram, funcionaram e ajudaram a prevenir uma tragédia maior. No entanto, o volume de água registrado em Petrópolis tornou inevitável toda a situação.
Foram mais de 200 milímetros de chuva em duas horas, considerada uma quantidade absurda.
“Estamos passando por uma situação de extrema gravidade, e direcionamos todos os esforços para garantir o socorro da população”, disse o prefeito Rubens Bomtempo.
BUSCAS POR SOBREVIVENTES
Centenas de bombeiros e voluntários trabalham para encontrar sobreviventes em meio ao deslizamento no Morro da Oficina. Equipes do Exército e da Defesa Civil também atuam nas buscas.
Além disso, as secretarias da cidade avaliam os estragos e trabalham para desobstruir e limpar as ruas.
— Orientamos a população que ao sinal de qualquer instabilidade nas áreas em que residem, que procure o ponto de apoio e nos acionem – informou o secretário de Defesa Civil, o tenente-coronel Gil Kempers.
A prefeitura também informou que abriu pontos de apoio para acolhimento de moradores de área de risco. Há atendimentos nas localidades do Centro, Vila Felipe, São Sebastião, Alto Independência, Bingen, Dr. Thouzete e Chácara Flora. No total 184 pessoas recebem o suporte do município.
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