CURITIBA, PR – Procurador do Ministério Público Federal (MPF), Carlos Fernando dos Santos Lima afirmou que as investigações da Operação Lava Jato mostram a “real causa” dos altos preços e que a privatização não necessariamente leva ao fim da corrupção.
A Integração, nova fase da Lava Jato, foi deflagrada na manhã desta quinta-feira (22) e já prendeu seis pessoas temporariamente, entre elas o diretor-geral do Departamento de Estradas de Rodagem no Paraná (DER/PR), Nelson Leal.
Diogo Castor de Mattos, também procurador do MPF, informou que não há indícios da participação do governador Beto Richa (PSDB) nos fatos relacionados, mas há suspeita de que o esquema feito no Paraná tenha sido reproduzido em outros estados. “A tarifa é extremamente alta e boa parte é desviada para propósito que não o interesse público”, afirmou.
O MPF realizou perícias técnicas que apontaram superfaturamento nos valores das obras das concessionárias. Um laudo mostrou que o sobrepreço de itens da planilha chegou a 89% em relação ao valor de mercado.
A concessionária Econorte foi favorecida por dois termos aditivos e um termo de ajuste que aumentaram a tarifa em mais de 25%, mesmo com uma determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) e um estudo técnico que recomendava a redução do valor em 18%.
Segundo Diogo Mattos, o valor desviado “pode passar dos R$ 100 milhões”.
O MPF informou que a Econorte recebeu aproximadamente R$ 2,3 bilhões das tarifas pagas pelos usuários entre 2005 e 2015. Destes, cerca de R$ 63 milhões foram repassados para empresas de fachada ou sociedades cuja prestação de serviço ou entrega de produtos não foi confirmada, segundo o MPF.
O MPF informou ainda que uma subsidiária integral em contratos de conservação de rodovias recebeu R$ 343 milhões dos quais R$ 110 milhões foram repassados a holding do grupo.
ENVOLVIDOS
Tacla Duran e Adir Assad foram investigados na Lava Jato por lavagem de dinheiro. Nas investigações relacionadas a eles foram encontrados elementos que levaram à deflagração da 48ª fase da operação, denominada Integração.
O promotor Diogo Mattos informou que Tacla Duran usava o escritório de advocacia dele e empresas prestadoras de serviço para fins ilícitos.
Já Adir Assad tinha uma “estrutura gigantesca” de produção de dinheiro em espécie. Através de delação premiada, ele ajudou a identificar pessoas envolvidas na concessionária.
(Via G1)