O presidente Jair Bolsonaro recebeu, na noite de sexta-feira (06) no Palácio da Alvorada, o dono da RecordTV, bispo Edir Macedo, e o comunicador Silvio Santos, proprietário do SBT.
Os empresários também foram convidados de honra para assistir o desfile militar de Sete de Setembro, na Esplanada dos Ministérios.
Ambas as emissoras digladiam pela vice-liderança no Ibope, e são vistas pela imprensa e no círculo político como aliadas do presidente, e produzem um jornalismo afinado com o Planalto.
Enquanto isso, a Globo e GloboNews criticam o governo com reportagens investigativas e opiniões contundentes. Seus comentaristas contestam vários projetos e decisões do governo.
Silvio Santos tem relações cordiais com a Globo, onde trabalhou de 1966 a 1972. Já Edir Macedo – como Bolsonaro – enxerga o canal carioca como uma pedra no sapato.
Macedo e Bolsonaro sempre aparecem criticando e debochando da emissora.
SEM TETA
Na semana passada, o ápice dessa briga foi a declaração do presidente quanto ao principal telejornal da Globo, o Jornal Nacional. “Não tem mais teta. Não está mamando mais na teta do governo”.
O corte de verba publicitária a veículos do Grupo Globo foi uma promessa de campanha – assumida em tom de vingança. Bolsonaro afirma ser perseguido pelas TVs, jornais, rádios e revistas do clã Marinho.
A aproximação do presidente a Edir Macedo e Silvio Santos dá a ele um espaço relevante em atrações no horário nobre, como o Jornal da Record e o SBT Brasil, que divulgam as realizações e ideologias do governo.
Entretanto, isso não garante a mesma visibilidade que qualquer notícia encontra nos jornais da Globo. O canal da família Marinho fundado há 54 anos vive uma fase tranquila no ranking Kantar-Ibope.
Para se ter uma ideia, a soma da média diária (das 7h à meia-noite) de RecordTV e SBT não alcançam o índice da poderosa concorrente. Entre 29 de agosto e 5 de setembro, por exemplo, a RecordTV conquistou média de 6.7 pontos, enquanto o SBT marcou 6.8. A Globo, cravou 17 pontos.
No mesmo período, os principais jornais das três redes pontuaram com muita diferença. O Jornal da Record teve média de 5.2 pontos. O SBT Brasil marcou 6.9 e o Jornal Nacional, 32.2 pontos de audiência. Cada ponto refere-se a 116 mil lares ligados no canal em São Paulo, a principal praça da pesquisa.
Desde 2013, durante os protestos, a Globo é alvo de tentativas de boicote. Várias páginas tentam mobilizar espectadores a não assistirem mais ao canal. O movimento cresceu na campanha presidencial do ano passado, incentivado por apoiadores de Bolsonaro.
Por ora, a liderança não foi abalada.