O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) disse nesta quinta-feira (10) que o ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, prepara um parecer para desobrigar do uso da máscara quem já foi vacinado contra a Covid ou quem já se infectou com o coronavírus.
“Ele vai ultimar um parecer visando a desobrigar o uso de máscara por parte daqueles que já foram vacinados ou que já foram contaminados para tirar este símbolo que, obviamente, tem sua utilidade para quem está infectado”, afirmou Bolsonaro em uma solenidade no Palácio do Planalto.
O presidente seguiu dizendo que, pelo protocolo adotado no Brasil, quem está infectado deve ficar em casa.
“Se bem que para nós, o nosso protocolo para quem está infectado, este sim fica em casa. Não aquele fica em casa todo mundo. A quarentena é para quem está infectado, não é para todo mundo, porque isso destrói empregos, mata de outra forma o cidadão”, afirmou.
Na verdade, uma pessoa pode transmitir o vírus mesmo que esteja vacinada e sem apresentar sintomas. Como ainda há pouquíssimos vacinados no Brasil e alta circulação do vírus, o risco de alguém que tomou a vacina contrair o coronavírus e transmiti-lo (mesmo sem ficar doente) para quem ainda não esteja protegido é bem grande.
Ao chegar à cerimônia, Bolsonaro estava de máscara. Um segurança que, antes da chegada do mandatário estava sem o equipamento de proteção, foi orientado a cobrir o rosto e retirou uma máscara cirúrgica do bolso do paletó.
Procurado, o Ministério da Saúde ainda não se manifestou.
Desde que assumiu o cargo, Queiroga tem se posicionado a favor do uso de máscaras. “A pátria de chuteiras agora é a pátria de máscaras”, disse no fim de março.
Ao longo dos últimos meses, o ministro também tem dito que o uso de máscaras e distanciamento são importantes como medidas de prevenção e para a “retomada da economia”.
Questionado em depoimento à CPI da Covid nesta semana se orientava o presidente a usar a proteção, o ministro respondeu: “evidente que sim”. Mas evitou comentar sobre a postura de Bolsonaro, afirmando que se trata de “ato individual”. “Não vou fazer juízo de valor a respeito da conduta do presidente da República”, disse.
Em maio, o Ministério da Saúde lançou uma campanha sobre medidas de prevenção contra a Covid, com o mote “O cuidado é de cada um, o benefício é de todos”. Um dos vídeos da iniciativa traz a família do personagem Zé Gotinha de máscaras e cita outras ações, como lavar as mãos e distanciamento.
“Zé Gotinha sempre foi o símbolo da campanha de vacinação no Brasil. Vamos vacinar a população brasileira e aderir às medidas não farmacológicas, como o uso de máscara”, disse o ministro na ocasião.
Desde o início da pandemia, o governo vem sendo questionado pela falta de investimento em medidas de comunicação mais assertivas para estímulo a ações de prevenção contra o coronavírus.
FOLHAPRESS